sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

André.


Me disseram que eu, quando escrevo não sou eu sou outra pessoa, por que na comunicação do dia a dia, na convivência, nas saídas pela noite com os amigos, sou outra pessoa.
Uma onde não cabem esses pensamentos na imagem que você passa, uma coisa meio idiota que você faz ou passa pros outros, ele disse enrolado nas minhas pernas, na verdade eu não imagino você pensando essas coisas, eu quero entender quem é você afinal, que numa época da sua vida era sarcástico inteligente, antenado, desdobrado, relax, sempre com resposta na ponta da língua. De onde então você tirava essa coragem de ser esse que agora você só revela através das suas palavras? Porque afinal você mudou, ficou triste com uma luz meio apagada nos olhos tirando todo esse baseado que você fuma? Aliás queria lhe dar os parabéns, ele disse numa espécie de superioridade um tanto insegura, enveredando por caminhos diversos dos discutidos somente na minha alma.
Porque eu não tenho coragem, pensei assim na lata, mentalmente eu já havia respondido a pergunta, e eu sempre entro nesse jogo, nessa armadilha que ele sabia pra mudar de assunto, pra fugir. Ele continuou, queria te dar os parabéns por que você parece que parou de fumar, mesmo, não é, não tem dado nenhum peguinha?
Não mesmo. O fato é que tudo isso que ele me disse e perguntou me levou a dar um chek up na situação, e a reler Alice no país das Maravilhas, saca aquela música?
E descobri que a solidão é que faz isso com as pessoas. É claro que tem um monte de coisas aí, mas não me atrevo, acho que todo mundo deve respeitar seus esqueletos. Mas a solidão, porque o que escrevo na verdade é o que se passa dentro da mim, da minha coisa, e que muitas vezes não gosto de revelar olhando nos olhos de alguém é isso. E que talvez ache que meus pensamentos não alcancem as pessoas, já me senti muito assim também, como um ET, é um medo, mas que é um padrão, esse medo de me expressar e sentir que certas pessoas me intimidam e me chocam. Eu podia inventar essa síndrome, a Síndrome de Alice no País das Maravilhas. A que acha que pensa que sabe onde está ou que pode confiar nas pessoas ou ainda o que os outros pensam e tenta forçar um pouco a barra pra que as coisas estejam de acordo com o que você deseja, ou seja, um pouco de egoísmo disfarçado de país das maravilhas, uma fantasia louca de um cérebro confuso. E aí é que entra meu padrão de manipulador que é ligado à um outro tão horrível que eu não tenho nem coragem de revelar. Mas eu pelo menos tenho e mostro a minha cara e estou aprendendo coragem pra mudar isso. Mas e vocês?