As vezes fico só olhando o papel em branco sem nada vir à cabeça, nada pra balançar, instigar nem mesmo punir. Nada. Só o branco do papel me afrontando, como se dissesse, “e agora? O que você vai fazer? Porque não escreve simplesmente, deixa fluir os terrores da tua vista noturna. Teus escombros embaixo da cama, porque hein?" Só o papel em branco, a caneta na mão. A cabeça vazia.
Prefiro escrever tudo à mão, no papel, com calma para não perder nada do que se passa no oco escuro.
O que não acontece quando estou em frente à tela do computador, digitando furiosamente uma cena. Perco sempre a melhor parte. Por isso sempre acabo reescrevendo tudo, sempre um pretexto pra remexer, repisar, cutucar. E também me exceder. Viver é se expor demais feito um cais no entardecer. Sonhei com uma cobra coral. E também com uma gruta escura, enorme e funda. A escuridão não me assustava e eu só ficava ali, olhando o escuro sem ver nada.
Prefiro escrever tudo à mão, no papel, com calma para não perder nada do que se passa no oco escuro.
O que não acontece quando estou em frente à tela do computador, digitando furiosamente uma cena. Perco sempre a melhor parte. Por isso sempre acabo reescrevendo tudo, sempre um pretexto pra remexer, repisar, cutucar. E também me exceder. Viver é se expor demais feito um cais no entardecer. Sonhei com uma cobra coral. E também com uma gruta escura, enorme e funda. A escuridão não me assustava e eu só ficava ali, olhando o escuro sem ver nada.