Prefiro escrever tudo à mão, no papel, com calma para não perder nada do que se passa no oco escuro.
O que não acontece quando estou em frente à tela do computador, digitando furiosamente uma cena. Perco sempre a melhor parte. Por isso sempre acabo reescrevendo tudo, sempre um pretexto pra remexer, repisar, cutucar. E também me exceder. Viver é se expor demais feito um cais no entardecer. Sonhei com uma cobra coral. E também com uma gruta escura, enorme e funda. A escuridão não me assustava e eu só ficava ali, olhando o escuro sem ver nada.