quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sem vida.

A covardia de não assumir, não querer reconhecer de jeito nenhum o que ainda sinto depois de tanto tempo, me consome e me conduz direto a esse precipício em que eu me atiro. E eu não tenho medo, é incrível. Esse fato é totalmente sincero. Não tenho como escapar desse sentimento. Sou prisioneiro dessa armadilha que eu mesmo preparei.
Com um resto de juízo, pouco, muito pouco mesmo, eu posso eventualmente assumir que também fui injusto com você, embora isso me torne muito mais covarde, e possa trazer à tona muitas outras coisas fundas e escondidas, que esperam chegar o momento de sangrar, sangrar, sangrar até um de nós dois morrer. Por isso não tomo muita consciência disso assim tão no meu intimo.
A luz de toda essa idéia me cega demais e faz doerem meus olhos. Talvez pela escuridão que você representa para mim. Como naquele dia no corredor da enfermaria, a luz fluorescente do teto fazendo arderem meus olhos, fazendo as correias doerem mais nos meus braços. A solidão e o abandono da morte, gota a gota, como gotejam os soros nas noites dos hospitais.
Sonhei que meu sangue escorria por dentro e afora de você, vazando direto para uma fenda enorme e escura que se abria no meio da terra, de onde saíam muitas cobras. Você me dizia algo e eu não entendia, eu queria correr, fugir de você para sempre, fazia um esforço tremendo para correr mas não saia do lugar.